quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A eternidade da Licitação do Transporte Coletivo de Aracaju

(Publicado no Jornal CINFORM, Edição 1427)

Ao saber que o prefeito de Aracaju entrega mais 24 ônibus (dos mais de cem nos últimos meses) para o sistema de transporte coletivo de Aracaju, ficamos a perguntar: para onde vão esses ônibus novos que são integrados ao sistema? Quais bairros da Região Metropolitana de Aracaju são servidos pelos novos ônibus?
Enquanto isso a licitação do serviço de transporte coletivo não é feita.
Em 17 de setembro de 2009, ou seja, há praticamente um ano, o prefeito de Aracaju criou, através de Decreto, uma comissão para estabelecer os procedimentos necessários para a licitação do sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana. Um ano depois, alguém em Aracaju sabe do resultado ou viu algum relatório de tal comissão? A comissão tinha prazo de 60 dias para apresentar relatório e o prefeito prometeu que até dezembro próximo o edital da licitação estará em TODOS os jornais do país. 
Na mesma data, através de outro decreto, o prefeito de Aracaju criou outra comissão para a avaliação das condições de segurança, conforto e conservação da frota de ônibus de Aracaju. Algum usuário dos ônibus de Aracaju notou a melhoria nos ônibus cheios de baratas, sem borrachas nas janelas, com janelas emperradas, sem vidros nas janelas e com pingueiras no teto, nas laterais e no piso? Quem não se lembra do ônibus da empresa Tropical que soltou uma das rodas, matando um morador do Povoado São José, há cerca de dois meses? Quem usa diariamente os terminais de integração sabe o que é falta de qualidade. Quem precisa usar um abrigo de ônibus na periferia sabe o que é abandono.
 E o GPS? Quem quiser saber se o usuário notou diferença com a chegada do tal GPS, vá, em qualquer horário, a um dos seis terminais ou aos chamados “fins de linha” em alguns bairros para perceber a bagunça que é o horário dos ônibus em Aracaju.
Várias cidades com características semelhantes a Aracaju no sistema de transporte fizeram suas licitações sem tantos “arrodeios”. Outras cidades, com o sistema já consolidado, já fizeram licitação mais de uma vez.
Em algumas áreas atendidas pelo Sistema, os usuários são submetidos a tratamento desumano. É assim na linha São Cristovão/Zona Oeste. É assim nas linhas que atendem ao Parque dos Faróis e ao Conj. Jardim. É assim nas linhas que atendem aos povoados da própria capital: Mosqueiro, São José, Areia Branca, Gameleira e Robalo.
Seja nos bairros, nos pontos do Centro ou nos terminais, não há fiscalização da SMTT. Aliás, nos terminais há um box com um representante da SMTT, que não tem autonomia e não soluciona os problemas de atrasos e de falta de ônibus.
O sistema está entregue, literalmente às baratas ou às empresas.
E aqui em Aracaju, quem é contra a licitação do sistema de transporte coletivo? Ou a pergunta deveria ser feita de outra forma: quem é a favor da tal da licitação? Alguma Promotoria do Ministério Público, alguém do Poder Executivo Municipal, a Câmara de Vereadores de Aracaju, a Sociedade Civil... alguém deveria ser a favor da licitação. A favor nas ações e não na falação.
Enquanto isso se tapa o sol com a peneira, com GPS, decretos, comissões, alguns ônibus novos, ou seja, a prefeitura de Aracaju corre pra não chegar.

JOSÉ DIAS FIRMO DOS SANTOS
Presidente da ADCAR – Associação Desportiva, Cultural e Ambiental de Aracaju e Coordenador do Fórum em Defesa de Aracaju.

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