quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Prédios construídos no Mosqueiro.



Enquanto o Poder Público está com um atraso de sete anos na revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável (PDDUS), uma das áreas mais belas e mais preservadas de Aracaju está sendo ocupada por prédios de apartamentos.
No povoado Mosqueiro, no final da Rodovia Estadual José Sarney, uma imponente obra de construção civil está começando a mudar a paisagem daquele local.
Por mais que a legislação atual de Aracaju seja permissiva e por mais que os órgãos de licenciamento tanto do município quanto do estado sejam tão maleáveis com as construtoras e licenciem tudo, não podemos aceitar que a cidade seja “cercada” ao longo da sua orla marítima por prédios com vários pavimentos e praticamente colados uns aos outros.
Prédios no Mosqueiro.
É tradição aqui em Aracaju as grandes construtoras ditar as normas. A promiscuidade existente entre as construtoras e os políticos que mediocremente assumem o poder em suas várias esferas é gritante.
Quatro ou cinco construtoras detêm grande parte dos lotes da chamada Zona de Expansão.
As obras são realizadas sem a menor preocupação com a sustentabilidade, muito menos com os desastres que, conseqüentemente, vêm depois.
Quem mais poderia se interessar e se preocupar com isso deveria ser a população. Mas, é quem menos se interessa.
Quando surge um problema que atinja diretamente a pessoa ou a família ou ainda determinada área da cidade, ocorre certa revolta, mas que logo é esquecida.
É como acontece quando temos inundações ou acontece com os casos de congestionamento ou lentidão do trânsito.
Rodovia Sarney e prédio ao fundo.
Ainda assim as pessoas não percebem a causa do problema. Não percebem que é a parceria entre o Poder Público e as construtoras que causa esses problemas.
A falta de cuidado com a sustentabilidade é tão grande que nos condomínios construídos sobre lagoas aterradas, sobre manguezais desmatados ou sobre dunas demolidas moram deputados, secretários, vereadores, prefeitos, promotores, desembargadores, juízes de direito e muito mais gente boa.
Na grande inundação de 2008 essa gente da nata do Poder Público que mora em condomínios sobre lagoas pressionou e recebeu serviços da prefeitura de Aracaju para resolver problemas internos aos condomínios. Aliás, nem sei de pressionou. Vai vê que nem precisou pressionar.
O fato é que - contrariando a música do CPM 22, que diz que irreversível é só o fim - parece irreversível. Vão acabar de destruir o que resta de natureza em Aracaju, sob a omissão do Poder Público e sob a omissão das pessoas.

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