Enquanto o Poder Público
está com um atraso de sete anos na revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento
Urbano Sustentável (PDDUS), uma das áreas mais belas e mais preservadas de
Aracaju está sendo ocupada por prédios de apartamentos.
No povoado Mosqueiro,
no final da Rodovia Estadual José Sarney, uma imponente obra de construção
civil está começando a mudar a paisagem daquele local.
Por mais que a
legislação atual de Aracaju seja permissiva e por mais que os órgãos de
licenciamento tanto do município quanto do estado sejam tão maleáveis com as
construtoras e licenciem tudo, não podemos aceitar que a cidade seja “cercada”
ao longo da sua orla marítima por prédios com vários pavimentos e praticamente
colados uns aos outros.
Prédios no Mosqueiro. |
É tradição aqui em
Aracaju as grandes construtoras ditar as normas. A promiscuidade existente
entre as construtoras e os políticos que mediocremente assumem o poder em suas
várias esferas é gritante.
Quatro ou cinco
construtoras detêm grande parte dos lotes da chamada Zona de Expansão.
As obras são realizadas
sem a menor preocupação com a sustentabilidade, muito menos com os desastres
que, conseqüentemente, vêm depois.
Quem mais poderia se
interessar e se preocupar com isso deveria ser a população. Mas, é quem menos
se interessa.
Quando surge um
problema que atinja diretamente a pessoa ou a família ou ainda determinada área
da cidade, ocorre certa revolta, mas que logo é esquecida.
É como acontece quando
temos inundações ou acontece com os casos de congestionamento ou lentidão do
trânsito.
Rodovia Sarney e prédio ao fundo. |
Ainda assim as pessoas
não percebem a causa do problema. Não percebem que é a parceria entre o Poder
Público e as construtoras que causa esses problemas.
A falta de cuidado com
a sustentabilidade é tão grande que nos condomínios construídos sobre lagoas
aterradas, sobre manguezais desmatados ou sobre dunas demolidas moram
deputados, secretários, vereadores, prefeitos, promotores, desembargadores,
juízes de direito e muito mais gente boa.
Na grande inundação de
2008 essa gente da nata do Poder Público que mora em condomínios sobre lagoas
pressionou e recebeu serviços da prefeitura de Aracaju para resolver problemas
internos aos condomínios. Aliás, nem sei de pressionou. Vai vê que nem precisou
pressionar.
O fato é que -
contrariando a música do CPM 22, que diz que irreversível é só o fim - parece
irreversível. Vão acabar de destruir o que resta de natureza em Aracaju, sob a
omissão do Poder Público e sob a omissão das pessoas.
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