Muitos e grandes problemas e desafios Antonio Samarone vai enfrentar nessa sua volta à SMTT. Mas, Samarone vem também com muitas idéias e soluções importantes não para a SMTT, não para Samarone, não para o Prefeito Edvaldo Nogueira apenas. As idéias e as soluções são importantes para a cidade de Aracaju e para a Região Metropolitana.
Entre elas estão temas como a mobilidade urbana, com as soluções paliativas e o planejamento da cidade para períodos de 10 ou 20 anos; a licitação do transporte coletivo, com o debate sobre o modelo e as alternativas que a Grande Aracaju deve e pode adotar e a “nova cara” dos agentes de trânsito, com a verdadeira cara de uma administração popular, sem armas, sem violência e sem agressões.
Aqui, eu gostaria de tecer algumas considerações sobre os terminais de integração.
Acho que independentemente do processo licitatório e do debate com a Sociedade de Aracaju, Socorro, Barra e São Cristóvão, sobre o modelo de sistema de transporte e as alternativas viáveis, uma das primeiras ações de Samarone na SMTT seria acabar definitivamente com os terminais de integração. Isso para já, para os próximos meses.
Como isso pode ser possível? Instituindo o Bilhete Único.
O Bilhete Único existe e funciona em metrópoles como Seul, Hong Kong, São Paulo, cidade do Rio de Janeiro, estado do Rio de Janeiro e cidade de médio porte como Campinas e Guarulhos-SP.
As tecnologias existentes, as formas e os locais de venda e recarga, os padrões para usuário comum, para estudantes, para idosos, para obesos e gestantes, para deficientes, tudo isso já foi amplamente testado e está em uso há muitos anos em várias cidades grandes ou pequenas ao redor do Mundo.
Em várias das cidades que adotam o Bilhete Único ele serve também para integração entre sistemas diferentes, como ônibus, metrô, van e barco.
O sistema operado à base do Bilhete Único consiste em unificar todo sistema de bilhetagem, permitindo que o usuário faça várias integrações com uma única passagem por um período ou por períodos determinados.
Há cidades em que o Bilhete Único possibilita ao usuário usar o sistema de transporte público durante duas, três ou quatro horas com uma única passagem.
Aqui, na região metropolitana de Aracaju, os percursos mais absurdos duram cerca de duas horas. São Cristóvão/Socorro, Mosqueiro/Socorro, São Cristóvão/Mosqueiro.
Substituindo os terminais pelo Bilhete Único ganharíamos todos aracajuanos. A Prefeitura e a SMTT ganhariam com a nova e boa imagem sobre uma ação de uma administração que soluciona um problema crônico do sistema de transporte público e com o fim de um gasto com a manutenção – reforma ou construção – de terminais problemáticos; as empresas ganhariam, pois o sistema já está praticamente implantado e informatizado e deixariam de ter despesas altas com a operacionalização dos terminais, com seguranças, agentes de limpeza, cobradores, fiscais e operadores; os usuários ganhariam à medida que muitos transbordos nos terminais acabam retardando a viagem, além do que a redução das despesas com os terminais refletiria na redução das tarifas.
Quanto devem gastar as empresas para manter os terminais funcionando por 20 horas diariamente com cobradores, fiscais, segurança, energia elétrica, água? Tudo isso acabaria.
O trânsito da cidade iriam melhorar a curto prazo substancialmente. Vejam os principais casos:
Viaduto do DIA sem terminal: bastariam pontos de ônibus nas duas margens da via, sem cruzamento de ônibus de um lado para outro e com o enlarguecimento da Avenida Heráclito Rollemberg, facilitando enormemente o fluxo no trânsito naquele local. E não precisaria construir um novo terminal no Orlando Dantas, investindo os recursos em outras frentes.
Praça João XXIII sem o terminal Fernando Sávio. Só com essa ação já se tornaria mais humana. E mais: não há mais como ter ramais de linhas de ônibus naquelas ruas congestionadas do Centro Histórico. No máximo Avenidas Rio Branco e Pedro Calazans.
Atalaia sem o terminal Minervino Fontes (Zona Sul). Outro ponto de cruzamento de trânsito complicado no cartão postal da cidade. Os pontos e os itinerários da maioria das linhas seriam deslocados para ruas secundárias, deixando as avenidas Antonio Alves e Rotary para os demais veículos.
Terminal Maracaju. Situação semelhante à Atalaia, com melhora substancial no fluxo do trânsito na própria avenida Maracaju e das vias próximas.
Terminal Leonel Brizola, na Rodoviária: acaba também, sendo transformado em um grande ponto de ônibus, com a implantação de ponto correspondente no outro lado da via, ganhando preciosos minutos em todas as linhas que trafegam sentido Leste/Oeste, que não precisariam retornar para acessar o terminal.
O Terminal Manoel Aguiar Menezes seria transformado também em um grande ponto de ônibus dos mercados municipais.
Além de todos esses benefícios para a cidade, para o trânsito e para os usuários do transporte, a eliminação dos terminais traria uma redução significante nas ocorrências policiais que se dão no interior dos terminais, sobretudo nos horários de pico e em dias de grandes eventos. Furtos, assaltos, mendicância e prostituição, sem as grandes aglomerações dos terminais tenderiam a diminuir drasticamente.
É coisa para fazer e entrar para a história da cidade, como João Gama fez nos mercados Antonio Franco e Tales Ferraz.
Os pontos negativos claro que existem, mas em escala infinitamente menor do que os benefícios que o Bilhete Único traria.
JOSÉ DIAS FIRMO DOS SANTOS
Presidente da Ong ADCAR
Especialista em Gestão Urbana e Planejamento Municipal.
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