As belas praias de Aracaju são famosas em todo o país e atraem muitos turistas para a capital sergipana.
Entre essas praias famosas estão as do Robalo e do Mosqueiro ao longo da Rodovia José Sarney. O que os turistas e muitos aracajuanos não sabem é que essas praias estão aos poucos sendo cercadas por proprietários de bares e o acesso da população mais pobre é dificultada e, às vezes, impedida.
Segundo dirigentes da Associação Desportiva, Cultural e Ambiental do Robalo (ADCAR), desde 1986, quando da inauguração da rodovia José Sarney, que as ilegalidades começaram.
Cercas se multiplicam nas praias. |
Antes da construção da Rodovia, existiam algumas barracas de palha, pertencentes a moradores da região. A proposta do Governo do Estado foi construir pequenos quiosques para contemplar aquelas comerciantes que já se encontravam ali e mais alguns bares maiores, apelidados de “mãe”, para atender à grande clientela e aos turistas. A quantidade era limitada a poucas unidades.
Com o passar dos anos, os comerciantes nativos passaram a vender ou a modificar a estrutura dos seus quiosques. A partir daí o tamanho dos bares passou a aumentar.
Por outro lado, os vazios entre os conjuntos de bares passaram a ser ocupados por especuladores: montava-se uma barraquinha, depois ia crescendo aos poucos e mais tarde vendia-se, indo montar outra mais adiante. Assim como chegavam pessoas para construir diretamente e já no tamanho que desejassem.
Hoje são mais de cinqüenta bares ao longo da rodovia.
Outro problema é que no início – em 1986 – quem cobrava e fiscalizava os bares da Sarney era a Emsetur (que deixou de existir por muitos anos) e mesmo quando existia a Emsetur, segundo alguns donos de bares, não controlava nem emitia boleto de cobrança para os bares.
Mais uma possível irregularidade apontada pela ADCAR: cada proprietário de bar da Rodovia José Sarney definia e define a sua área, ou seja, qual a largura que ocupa na parte alta e o quanto avançam em direção à praia com mesas, cadeiras, sombreiros, etc.
Cercas inibem acesso à praia. |
Há cerca de cinco anos, depois de denúncias da ADCAR, houve uma tímida ação do IBAMA de derrubada de algumas cercas de bambu. Hoje está pior, constatou mais uma vez a direção da ADCAR. Tem muito mais cerca. E o acesso à praia, que é um bem público, tem que ser feito por dentro das áreas dos bares, intimidando os freqüentadores da praia que não sejam clientes.
A Direção da ADCAR alega que quase todos os comerciantes expulsam de perto dos seus bares os pobres e os chamados “farrofeiros”, vindos em ônibus do interior e dos bairros periféricos.
A ADCAR reclama ainda que como não há coleta de resíduos, os esgotos são despejados ali mesmo na beira da praia e que tanto os bares mais antigos, quanto os mais recentes foram construído sem o menor cuidado com a vegetação e com as formações dunares.
Do ponto de vista legal os bares não atendem ao que prevêem a Lei 7661/88, que institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC e o Decreto 5300/2004, que a regulamenta. De acordo com a legislação, a orla marítima contida na Zona Costeira Brasileira é de duzentos metros em áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar. Em outras palavras, duzentos metros a partir da maré alta. E o que se vê ali são os bares praticamente dentro da praia.
A Direção da ADCAR está colhendo informações e fazendo registro fotográfico para ingressar no Ministério Público Estadual com denúncia contra donos de bares e contra o Governo do Estado pela ocupação e pelo cercamento de várias áreas das praias localizadas ao longo da Rodovia José Sarney.
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