*José Dias Firmo
dos Santos
Em tempos de escolha de
conselheiro para o Tribunal de Contas de Sergipe e diante dos dois nomes que se
apresentam, do Secretário de Educação, Belivaldo Chagas e da Deputada Susana Azevedo,
faço algumas considerações sobre o assunto.
Começo reproduzindo o
artigo 71 e incisos da Constituição Estadual, que tratam do tema. “Art. 71. Os Conselheiros do Tribunal de
Contas serão nomeados entre brasileiros que atendam aos seguintes requisitos: I
- mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade; II -
idoneidade moral e reputação ilibada; III - notórios conhecimentos jurídicos,
contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; IV - mais de
dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
os conhecimentos mencionados no inciso III.”. Vale dizer que estes
requisitos são os mesmos previstos no artigo 73, § 1º. e incisos, da
Constituição Federal, para o caso de nomeação dos Ministros do TCU. Além disso,
a Lei Complementar 35/79, que dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura
Nacional, trata a todo o momento da idoneidade moral e da reputação ilibada.
Entre as exigências
constitucionais acima elencadas estão 1) ser brasileiro. Ambos os pretendentes
o são; 2) ter mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos. Ambos
atendem à exigência; 3) ter idoneidade moral e reputação ilibada; 4) ter
notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de
administração pública; e 5) ter exercido a mais de dez anos função ou efetiva
atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados acima.
Passo a comentar os
itens 3, 4 e 5 do parágrafo anterior: ter idoneidade moral e reputação ilibada
significa dizer que a o pretendente ao cargo de conselheiro tem que ser
honesto, íntegro, atender a regras éticas e de bons costumes, não ter manchas
da sua reputação, ser puro. Ter notório conhecimento quer dizer que o
conhecimento do(a) futuro(a) conselheiro(a) seja sabido por todos ou por muitos
da sociedade sergipana. Ainda sobre essa exigência, notem que a intenção do
legislador foi exigir um conjunto de conhecimentos, tanto que a Lei Máxima
Sergipana traz no plural e elenca as áreas de conhecimentos: “ter notórios conhecimentos jurídicos,
contábeis, econômicos e financeiros.” Cito apenas essa primeira parte do
inciso para tecer mais um comentário: os conhecimentos que o(a) conselheiro(a)
tem que ter não são concorrentes. Não pode ser um ou outro. Têm que ser todos
juntos: jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros. Não tendo todos esses
conhecimentos, pode ter notório conhecimento de administração pública.
Além das exigências
acima, o futuro conselheiro tem que comprovar que exerceu por mais de dez anos
função ou efetiva atividade profissional, na qual se tenha exigido todos os
conhecimentos mencionados acima, ou seja, conhecimentos jurídicos, contábeis,
econômicos e financeiros.
Pergunta-se: Belivaldo
Chagas e Susana Azevedo se enquadram nesses requisitos? Claro que não.
Sobre a exigência para
que o conselheiro do Tribunal de Contas tenha idoneidade moral e reputação
ilibada, deixo aqui algumas perguntas: uma vereadora de Aracaju que na primeira
parte dos anos 90 mantinha uma assessora do seu gabinete sendo paga com
dinheiro do povo, o equivalente a três salário mínimos, sendo que essa
assessora era uma professora, esposa de empresário que morava na cidade de Birigui
– SP e só exonerou a assessora depois que a imprensa local denunciou, pode ser
conselheira do Tribunal de Contas? Uma deputada estadual que destinava (será
que ainda destina?) quase 100% das verbas de subvenção para apenas uma
associação, a qual ela era a patrona, pode ser Conselheira do Tribunal de
Contas? Uma deputada que tinha um íntimo
envolvimento com um ex-conselheiro ou conselheiro aposentado do próprio TC,
preso pela Polícia Federal na Operação Navalha, cujas gravações das ligações
telefônicas comprometedoras foram veiculadas amplamente pela imprensa
sergipana, pode ser conselheira do TC?
Será que a Assembléia
Legislativa de Sergipe vai colocar no órgão que lhe assessora alguém não cumpra
os requisitos? Podem os deputados não aprovar nem um(a) nem outro(a) por não
atender os requisitos constitucionais? Pode aprovar o nome menos pior? Até
quando o Tribunal de Contas vai continuar sendo manchete negativa? Até quando a
população vai continuar com uma pulga atrás da orelha com esse tribunal?
*Vice-Presidente
da Associação Desportiva, Cultural e Ambiental do Robalo – ADCAR.
Os conselheiros do TCE precisam ser nomeados através de concurso público e não mais indicação política. Esses jogetes precisam acabar para que a constituição seja, de fato, cumprida.
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