* José Firmo dos Santos
As ações voltadas para
a mobilidade urbana de Aracaju, desenvolvidas nos últimos anos pela Prefeitura Municipal
e também pelo Governo do Estado, minimizam os problemas, mas estão muito longe
do necessário para solucionar os problemas enfrentados pelo aracajuano na hora
de se descolar pelas ruas e avenidas da capital sergipana.
Somente nos últimos seis
anos três grandes obras viárias foram inauguradas em Aracaju, sendo o viaduto
Carvalho Déda (D.I.A), em 28/02/2008; a duplicação do viaduto Manoel Celestino Chagas
(Detran), em 19/12/2013 e o Mergulhão Governador Marcelo Déda (Conjunto Beira Rio), no dia
21/02/2014. Três obras grandes e caras (custaram ao povo R$ 87,2 milhões) e que
estão numa linha reta de cerca de dois quilômetros.
Mesmo sendo
consideradas obras úteis e necessárias, percebe-se que muito pouco ajudou na
mobilidade naquela região.
Por outro lado o
problema da mobilidade urbana de Aracaju não pode ser analisado isoladamente e
a solução não pode ser cobrada e esperada apenas do Poder Público.
É verdade que Aracaju
tem um esplêndido potencial para as ciclovias e para o transporte hidroviário e
que, além de plana possui uma área relativamente pequena, 181,857 km², segundo
o IBGE.
Entretanto, é verdade
também que a política do Governo Brasileiro tem sido até aqui voltada para o incentivo
à indústria automóvel, ou seja, do carro que hoje transporta apenas uma pessoa:
o condutor.
A capacidade de
adquirir automóvel nos estados do Norte e do Nordeste tende a crescer em
relação ao total da polução, se comparada com o percentual de famílias que
possuem automóvel nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
A economia em Sergipe, com
a tendência de crescimento (indústria, comércio e serviços), assim como a
facilidade de acesso ao crédito, possibilitam a aquisição de veículos.
A indústria e o
comércio de ciclomotores estão em pleno crescimento e conquistando cada vez
mais clientes.
Na contramão o
transporte coletivo em Aracaju, como em quase todos os municípios do Brasil, é
muito ruim: caro, sujo, demorado, sem horário regular, ônibus velhos, sem
abrigos adequados, e com terminais imundos.
A melhoria da mobilidade
urbana passa por mudanças profundas, caras e demoradas e, a mais difícil,
cultural.
A mobilidade urbana em
Aracaju começará a melhora quando começar a existir a troca do automóvel individual
pelo transporte coletivo e isto implica nas mudanças às quais me refiro no
parágrafo anterior.
A meta tem que ser melhorar
o transporte coletivo a ponto de convencer a população a deixar o carro em casa.
Para isso teria que existir abrigos adequados, calçadas planas e largas, vias
bem iluminadas, informações acessíveis, ônibus novos, limpos e regulares;
horários rigorosamente cumpridos, faixas exclusivas para os ônibus, restringindo
a circulação dos automóveis.
Além disso, a
integração entre os modais, especialmente o BRT, o ônibus, a bicicleta e as
embarcações torna-se mais que necessária.
A mobilidade urbana de
Aracaju, como da maioria das cidades, não vai melhorar apenas com construção de
pontes, viadutos e novas avenidas.
As mudanças necessárias
são caras, demoradas e culturais. O Poder Público precisa investir gradativamente
para inspirar confiança e atrair o usuário. Por outro lado o aracajuano,
acostumado a ir à padaria na esquina de carro, precisa estar preparado para dar
a sua parcela de contribuição nesse processo. Essa mudança, a cultural, é a
mais difícil de todas.
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