O recebimento de
recursos do Governo Federal, através do Ministério do Turismo, pela Associação
Sergipana de Blocos e Trios (ASBT), organizadora do Pré-Caju, maior prévia carnavalesca
do Brasil, é um dos principais motivos que levaram o Fórum em Defesa da Grande
Aracaju a decidir por apresentar denúncia ao Ministério Público Federal (MPF)
na Procuradoria da República em Sergipe.
O montante de emendas
parlamentares apresentadas ao Orçamento da União por deputados federais e
senadores de Sergipe na legislatura anterior para a ASBT, além de muito grande
e desproporcional em relação às emendas destinadas para áreas importantes como
educação e saúde, deixou um rastro de suspeitas, que culminou com uma ação que
tramita na Justiça Federal, de autoria do ex-deputado estadual, Nelson Araújo.
Além da ação judicial relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) detectou
vários indícios de má aplicação dos recursos públicos.
Militantes do Fórum e artistas denunciam a ASBT juntos. |
Somente na legislatura 2007/2010
foram apresentadas emendas em favor da ASBT no valor total de R$ 13.440.000,00,
por cinco deputados e um senador.
No dia 26 de março os
integrantes do Fórum já haviam entregado o chamado dossiê do pré-caju ao
Ministério Público Estadual, que também está analisando o caso.
Entre os achados da
auditoria do Tribunal de Contas da União em dezenas de convênios firmados entre
a ASBT e o Ministério do Turismo, o órgão fiscalizador apontou deficiências de
controles, o que, sendo o relatório de auditória poderia resultar em risco de
prejuízo decorrente de possível superfaturamento e em virtude de atraso ou
ausência de análise da prestação de contas.
O TCU aponta mais
evidências como pagamento antecipado a várias bandas baianas sem a correspondente
contraprestação; negligência; pagamento sem verificação da regularidade
fiscal-previdenciária do contratado pela ASBT; preços contratados não
compatíveis com os preços de mercado; indícios de procedimentos fraudulentos
com relação às empresas participantes que indicam possível ocorrência de conluio/direcionamento
de licitação ou licitação montada; falhas relativas à publicidade do edital de licitação;
impropriedades na execução do convênio; fragilidade no processo de fiscalização
da execução ou do fornecimento do objeto contratado; desvio de finalidade
celebrada; ausência de cláusulas necessárias e essenciais; falta de publicidade
devida ao contrato/aditivo.
Reunião do Fórum na sede da CUT. |
“São constatações
graves e que envolvem muito dinheiro público e não podemos deixar de exercer o
nosso papel de cidadania.”, afirma o ambientalista Lizaldo Vieira dos Santos.
Para José Firmo, membro do Fórum, o Ministério Público Federal vai exercer o
papel de guardião dos interesses públicos. “Tenho muita esperança de que todos
os indícios sejam apurados e que o erário seja recomposto. Num estado com tantos
problemas de educação, saúde e habitação não podemos deixar que esse problema
passe em branco.” Disse.
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